De cada 10 alunos que entraram no ensino superior em 2020, 6 foram para os dez maiores grupos privados do setor – a maioria com ações na bolsa de valores. Que diferença isso faz?

Estes grandes grupos são empresas que, de forma geral, precisam prestar conta aos seus acionistas e dar lucro. Ou seja: têm de encolher as despesas e aumentar os ganhos.

Dar mais lucro é... ter poucos professores.

Enquanto os grandes grupos têm 74 estudantes por professor, nas demais instituições privadas há 19 estudantes por professor e nas públicas há 11 estudantes por professor.

Dar mais lucro é... não priorizar a qualidade do ensino.

Pesquisa do SoU_Ciência mostra que quase metade (47%) dos alunos dos grandes grupos tiveram as piores notas no último ciclo do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Nas públicas, apenas uma pequena minoria (15%) teve desempenho nessas faixas.

Dar mais lucro é... frustrar os alunos.

Menos da metade (42%) dos estudantes dos dez grandes grupos continuam no curso no ano seguinte ao ingresso – taxa menor que a dos outros tipos de universidades. Alguns estudantes ainda saem endividados.

E quem fiscaliza os grandes grupos do ensino superior?

Na bolsa, a Comissão de Valores Mobiliários pune quem lesar os acionistas. Mas será que o MEC pune quem lesa os estudantes?